Você certamente já ouviu falar que amamentação e HIV não combinam. Será mesmo? Apesar do aleitamento materno ser historicamente contraindicado para pessoas soropositivas (infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana), existe uma nova e promissora diretriz a respeito. Isso quer dizer que, em casos específicos, essa possibilidade pode ser considerada.
Neste artigo, a equipe do Anga Medicina Diagnóstica, localizado em Cacoal e em Pimenta Bueno, RO, atualizou o assunto. Se você ou alguém próximo se encontra nessa condição, vale a pena conferir!
Amamentação e HIV: recomendações vigentes
Para prevenir a transmissão vertical (de mãe para filho) do HIV, assim como da sífilis e da hepatite B, realizam-se testes no pré-natal e no parto. Mas, para a estratégia ser efetiva, a testagem precisa ser feita na mulher e também nas respectivas parcerias sexuais, independentemente das negativas em exames anteriores.
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Em caso de grávidas diagnosticadas com HIV, indica-se o tratamento com medicamentos antirretrovirais ao longo de toda a gestação e, por vezes, também no parto. Além disso, o recém-nascido deve receber o medicamento antirretroviral e não ser amamentado.
Alternativas seguras para a nutrição do recém-nascido
O aleitamento materno exclusivo (até os seis meses de idade), é a fonte de nutrição mais completa e segura para os bebês. No entanto, para pessoas impossibilitadas de dar de mamar no peito, como em casos de amamentação e HIV, existem as fórmulas infantis.
Essas são indicadas pelos pediatras ou nutricionistas responsáveis e podem ser destinadas à alimentação de:
- lactentes (zero a seis meses);
- seguimento para lactentes (seis a doze meses);
- primeira infância (um a três anos).
Para garantir a segurança das composições, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda evitar a importação de fórmulas por meio de comércio eletrônico. Isso porque, é mais difícil conhecer a origem do produto e se o mesmo segue as devidas regulamentações.
Além disso, é necessário se atentar à correta higienização dos utensílios utilizados para preparar o leite, que deve estar sempre na diluição e na temperatura adequadas. E, logicamente, é preciso armazenar as embalagens de forma apropriada, seguindo as recomendações dos fabricantes, impressas nos rótulos.
No mais, quando necessário, pode-se recorrer aos bancos de leite humano. É o caso de muitos bebês prematuros e de baixo peso, internados em unidades de terapia intensiva (UTIs neonatais), que não podem ser amamentados pelas próprias mães. Graças à doação de leite humano, eles podem se recuperar e se desenvolver com mais saúde.
Novas diretrizes para pessoas com HIV que desejam amamentar
A relação entre amamentação e HIV sempre foi polêmica, sendo contraindicada pelas sociedades médicas como um todo. No entanto, há algum tempo, as diretrizes da American Academy of Pediatrics (AAP) sobre o assunto foram atualizadas e estão repercutindo em todo mundo.
Isso porque, descobriu-se que o risco de transmissão por lactantes em tratamento antirretroviral (TARV), desde que virologicamente suprimidas, é de menos de 1%. Isso significa que, para poderem amamentar, basta ter uma supressão viral sustentada, com carga viral inferior a 50 cópias/mL de sangue.
Na prática, a amamentação deixou de ser universalmente contraindicada para portadores de HIV, sendo apresentada como uma alternativa viável em quadros clínicos de baixo risco. Mas, fora dessa condição ideal, o aleitamento pela pessoa com HIV ainda deve ser totalmente evitado, devido ao elevado risco de contágio.
E tem mais: mesmo com o cumprimento aos requisitos de segurança, o potencial de transmissão não pode ser totalmente eliminado. Portanto, é preciso discutir o assunto, desde o início da gestação, com uma equipe multidisciplinar devidamente capacitada.
Benefícios da amamentação além da nutrição
Segundo o Ministério da Saúde, amamentar é mais do que nutrir. Trata-se de um processo de profunda conexão, que repercute no desenvolvimento cognitivo e emocional da criança.
Já para a mulher, a amamentação ajuda a retornar ao peso de antes da gestação — sem falar que é mais prática e barata do que o uso de fórmulas. Mas, o benefício mais valioso é a redução do risco de desenvolver câncer (principalmente, de mama e de ovário), bem como diversas doenças crônicas (como diabetes, hipertensão, entre outras).
Para concluir, amamentação e HIV é um assunto que merece ser repensado e individualizado à luz das novas diretrizes, sob a orientação de especialistas atualizados e conscientes. Afinal, quando possível, o ato de amamentar possibilita benefícios incontestáveis, tanto para a mulher, como para o bebê.
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